O início de uma nova vida...

"Aceita a partida de um amigo (de um amor) com naturalidade. As despedidas permitem novos começos e novas experiências" O futuro a Deus pertence e todas as experiências fazem parte do nosso crescimento...

domingo, março 19, 2006

Os dias dos pais


Lembram-se deste livro? Já não pegava nele há algum tempo (ando MUITO preguiçosa), mas hoje abri-o aleatoriamente e a página que me apareceu era do capítulo intitulado "Os dias dos pais". E como hoje é dia do pai, e por outros motivos pessoais, achei que era mais uma coincidência da vida, como muitas que me têm acontecido nos últimos meses.
Então, aqui deixo este capítulo, que pode ser que gostem e que vos diga algo.... a mim diz-me.

"Era uma vez um tempo em que ser pai era um implícito do estatuto de adulto.
Casar e ter filhos significava o assumir de um lugar entre pares com provas dadas de masculinidade e capacidade reprodutora. Assegurava-se o futuro, o património, o nome.
As mulheres contavam pouco. Uma vez casadas transformavam-se em mães, guardiãs do bem estar e conforto de um território privado que tinha qualquer coisa de santuário.
As crianças, as que existiam e as que deveriam ir chegando, de tempos a tempos, pontuando a competência dos seus progenitores, valiam o que valiam, sempre muito pouco. Adoeciam muito, morriam muito, nasciam imaturas e incivilizadas e era preciso esperar uns anos para que se configurassem a preceito e com ar de gente.
Nesse tempo, a infância acabava cedo. Muito cedo, diríamos hoje nós. Mas, enquanto durava, eram as saias da mãe ou os tratos das mulheres que acolhiam os miúdos que cresciam.
O pai era, como era suposto ser, o senhor da casa, o lugar de respeito e da lei. Obedecia-se ao pai, fazia-se o que o pai queria e esperava-se em paga um gesto de atenção ou uma benesse especial. Que às vezes vinha e outras não.
Os filhos do pai, nesse tempo, não eram todos os que o sémen gerava mas apenas os que, ao abrigo do vínculo do matrimónio, da religião, de Deus e dos contratos dos homens, eram consagrados como tal.
Desse tempo longínquo em que contudo alguns, ainda vivos, têm memória, sobrou um estilo de ser pai que alguns chamam de conservador. Pais conservadores pertencentes a famílias conservadoras em que a distribuição sexual das tarefas e dos papéis sociais se conserva, tanto quanto possível.
A medida do possível entretanto estreitou-se drasticamente nas últimas décadas.
Só os muito ricos ou muito pobres, os muito diferenciados ou os muito indiferenciados é que conseguem ir alimentando o estilo.
A maioria, ou seja, os que trabalham para viver e têm de aproveitar os recursos e as capacidades que ambos os membros do casal têm para dar, criaram um novo estilo de vida e, de caminho, de parentalidade.
Descobriu-se, recentemente, e ao mesmo tempo que ocorreram outras descobertas extraordinárias do género que os homens até conseguem fazer comida, passar a ferro ou limpar o pó, que afinal os que queriam até tinham "jeito" para crianças.
Coisa inimaginável, descobriu-se que afinal os homens em geral, e os pais em particular, conseguiam mudar fraldas, dar banhos e biborões, fazer Gu-Gu-Da-DA convictamente, levar os miúdos ao médico e ter todos os ataques de ansiedade devidos a quem cuida de criaças.
Descobriu-se que, os pais não só conseguiam fazer tudo o que é suposto que as crianças gostam e precisam, como fazem bem e com prazer.
Contra séculos de tradição, os novos pais estão aí a demonstrar que as competências do amor, de ternura e da proximidade às crianças não feminizam nem têm de ser femininas.
De todas estas novas e espantosas descobertas só o tempo e a história testemunharão as consequências.
Para já fica a ideia de que o papel de pai não tem que ser secundário e de quase embrulho. Dá para nos sentirmos felizes, mesmo que não seja para sempre."

É caso para dizer: Ainda bem que as coisas mudam!!

1 Comentários:

  • Às 21/3/06 23:26 , Blogger Ossam disse...

    Viva os pais que sabem fazer os filhos sentir-se como amigos e não como pai, a pessoa autoritária... (tal como o meu :p)

    Espero ser tão bom pai como o meu é para mim...

     

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